hoje sou assim...

… a chegada do Outono foi a data do meu inicio de vida há alguns anos atrás, mais propriamente quarenta e seis.

De entre a alegria de chegada e as preocupações de como seria, por parte da minha mãe, as perspectivas não eram más, vistas por mim a esta distância temporal acredito que seriam muito boas.

Sei, hoje, que foram tempos muito difíceis aqueles. Sei igualmente que existiam muitos medos para o futuro (medos que vão permanecer até que o futuro possa ser lido e alterado). Mas ao olhar para o que aconteceu fico satisfeito pelos caminhos que tomei, em alguns fui ajudado a escolher o melhor troço, e pelas paragens que fiz para nova caminhada. É assim que eu entendo que deve ser feito a caminhada da vida. Existe arrependimento? Pergunto-me tantas vezes nesta altura de fim de verão, claro que sim, respondo outras tantas. Muitas coisas teria alterado muitas decisões teria tomado. E quem não alterava se pudesse? Não tenho, é verdade, situações de grande arrependimento, provocadores de insónia ou angústia, mas existe algumas situações que na altura teria maior calma na sua resolução ou no que foi dito.

Terei chegado a meio da minha existência. Há pouco tempo um amigo meu disse que tinha ouvido a frase: a vida é umas ferias que a morte dá. Não acredito muito nisto, nem a breve passagem pela terra que muitos evocam. Mas gostava de sonhar que a minha vida continuava, mesmo na ausência física, de forma a cuidar dos meus filhos. Isto não é discurso da idade, mas sim consciência do tempo que vamos estar no mundo que conhecemos. Para alguns dos meus amigos esta será uma expressão difícil de entender, para mim quando tinha vinte anos também era difícil de entender, pois nessa altura o que eu transportava no meu saco eram sonhos e vontade de ganhar o meu espaço no mundo pequeno em que estamos.

Na metade da existência que suponho ter, não estou para me resignar, se acham que este meu escrito era para isso enganam-se, mas sim aprender. Aprender cada vez mais e melhor. Aprender com os amigos a doce paisagem de companhia e da alegria. Aprender com a companheira que tenho as letras da confiança e do carinho. Aprender com os filhos a irreverência do crescer e a insatisfação dos sonhos. Aprender com a mãe a ler a paciência e a amaciar a dor. Aprender com o companheiro da minha mãe a estar presente, sempre, sem se mostrar, quando sabemos que a sua mão está ali todas as vezes que necessitámos e vamos necessitar. Aprender… aprender…

Chego aqui então ao início do Outono, e quero felicitar, nesta altura muito especial para os meus quarenta e seis anos, os meus amigos por todos os momentos que estivemos juntos. A eles devo uma parte do que sou ou fiz. Amigos que muito tarde compreendi ser importante cuidar, rir, estar e muitas vezes dizer simplesmente: olá estou aqui, como vais?

Felicito também todos aqueles, que não são meus amigos mas conhecidos, e que por um gesto, bom ou mau, marcaram a minha atitude ou pensamento.

Felicito os amigos que não vejo há algumas horas longas e que foram importantes nos caminhos que fizemos e nas florestas de incerteza em que entrámos.

Hoje, nos quarenta cinco Setembros passados, sei que sou feliz, sei que vou continuar a ser feliz e continuo a recear o futuro sem drama ou angustia mas com gozo pela vida que vou ter.

Comentários

  1. isso Horta, ainda bem que pensas assim!!!
    como alguem diz: Tú é que vives
    Aquele abraço

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