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A mostrar mensagens de 2017
Gosto de escrever linhas direitas numa folha branca  da irreverência das palavras numa folha de quadrículas,  um vendaval de letras  e desbastam ideias presas Gosto da calma de um branco limpo mistério apreensivo de um preto escuro linhas que ondulam e desvanecem, vincos de rugas que transformam e, num sorriso, desaparecem Gosto de uma folha clara, pura alva, como a alma in Pensamentos, de Rui E. Horta
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No desafio de uma palavra E a escrita de um olhar Aproximamo-nos in Pensamentos, de Rui E. Horta
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Como podes gostar de mim? Porque gosto. Sem razão. Mas eu sou ausente. De tudo. De mim. Tantas vezes de ti. E é nessa ausência que gosto de estar. Não é possível gostar de uma pessoa como eu. De alguém que está sem estar. É tão fácil. Na ausência sinto que tens gosto do presente. Não tem sentido isso que dizes. Tem. Na ausência sinto que és tu. Sim, sou eu. E como se gosta de uma pessoa ausente? Porque sou o teu presente quando voltas. in Pensamentos
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Espero Pelo tempo Pelo vento Em que neste lugar De um momento Tudo se transforme Tudo se desintegre Para mais um começo Para mais um arrancar De dia De caminhar Mas espero E faço desenhos no céu   in Pensamentos , de Rui E. Horta      
cansa-me conversa de nada frases finitas num… pois silêncio num… falamos depois quero palavras que rasguem                         de cima a baixo palavras que amarrem                         ao som de contrabaixo quero letras que são feridas                         e deixam marcas como cicatrizes                         e lembram futuras raízes decidi sua morte num ápice Ee escrevi na lápide, aqui jaz                         em paz conversa acabada vida plena de nada
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o último olhar num risco de mar desenhado esculpido palavra surda letra muda primeiro pensar num suave acordar denso imenso doce beijo assim te vejo
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gosto de paz e silêncio de pormenores que perturbem o olhar gosto de momentos  imagens por serem efémeros de cores fortes e brancos, e pretos, vincados gosto de rugas nas mãos e sorrisos tímidos           de olhares fixos e misteriosos gosto do pôr do sol por ser irrepetível           e do nascer pelo ciclo de vida imperdível gosto do mar           do azul do céu e traços desenhados pelo vento gosto do infinito e de tudo que finda           de uma boca linda e palavras que abraçam gosto de chorar por músicas que enlaçam           na cintura e num murmúrio dançam os sentidos          os gemidos gosto de silêncio na madrugada gosto da paz na hora passada
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A noite E a tempestade, Que se instala A todo o deitar. Voltas e revoltas Na ansiedade. No querer fechar portas No respirar A noite De turbulência, Está para ficar Olho alerta Imóvel Pequena residência Falta o ar Um torneira aberta A noite De tanto medo De tanta vontade Para esquecer Transpiração Sem vento Sem idade Quero morrer in Nocturnos, de Rui E. Horta
Estava abandonado, por si mesmo. Vagueava, na procura de qualquer coisa, qualquer coisa, que permitisse deixar de estar como estava. Perdido, desconhecido, tirou fotos de si. Não se identificava. Procurou, de foto na mao, se o tinham visto. Ouviu tantas vezes a palavra Louco. Julgou ser o nome de quem estava na foto. E começou a perguntar se tinham visto o Louco.
Já não perdes a roupa pela sala, pelo quarto. Num rasto de desejo, quando chegas. Já não encontro vontade, espalhada na cama nos segredos do teu corpo quando ficas. Hoje somos silêncio. Amanhã? Não sei. Temo, por tudo o que trazes. Penso, em tudo o que fazes. Hoje somos silêncio. Amanhã? Não sei. Já não perdemos palavras, noite dentro. E são horas, pensamentos. Hoje somos silêncio Amanhã?
Cry me a river Nesta noite e tantas outras, instala-se rebelião. Vivo na exaustão Cry me a river Mil pensamentos. Mais tormentos, histórias que se acumulam Cry me a river Nesta manhã dolorosa. Cidade nublosa, horas que atormentam Cry me a river Nos meus braços, pelo teu corpo. Doce abandono Cry me a river Na cama que pernoito, lençóis que agarro Nos sonhos que embaraço Dry me a river Na longa noite. Olhar profundo, voz sem fundo.
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Sou louco. Porque sou e porque quero. Olho no céu e vejo o tamanho de liberdade. Loucura que atravessa a minha noite. Parem de me enlouquecer. Não quero. Sou louco. Porque sempre assim fui. Silencioso. Atento. Livre dentro da minha cabeça. Louco louco. Assim consigo suportar tudo o que acontece. Parem. Já vos disse.  Sou louco quando quero.
a estúpida da gata só traz bichos, para junto da porta não basta ter a vida torta, agora até ouriços como não soubesse que tenho picos na casa, na alma, nos caminhos   a estúpida da gata levou os ratos, eram companhia no escuro em que perduro. agora, silêncio profundo como se não soubesse o fundo da vida, da memória , de rastos   a estúpida da gata apanha cobras e lagartos, que me atormentam e acompanham. no desespero, na ignorância de estar perto da distância de ficar quando parto   a estúpida da gata não traz, o coração de quem partiu de quem desistiu e deixou a solidão que em mim se faz   in Pensamentos, Rui E. Horta  
    Dei-te um tiro, depois de teres dito que não querias mais nada comigo. A seguir? Recostei-me. E foi um vazio. Nada mais tinha do que uma profunda distância. Uma ausência de mim. Sim, de mim. Pois não sabia mais pelo que lutar. Quando não me querias, a ilusão existia ao lado. E a desilusão a minha linha infinita. Dei-te um tiro, depois de teres dito para ir embora.   Como podia fazer sem te levar? Tinhas de vir também. No meu querer, no meu desejo. Por isso dei-te um tiro e recostei-me... Fumei um cigarro. Foi um tiro bem dado Precisava tanto de um cigarro...   in Pensamentos, de Rui E. Horta    
No início de noite clara O teu corpo foi uma descoberta Estilhaços de uma vida Desconhecida Inquieta   No início de noite clara O teu corpo é uma janela Abraços de maresia Envolvente Quente   Uma brisa de intensa luz Clareia uma cama revolta Implodem segredos Morrem tormentos Num silêncio que volta Numa vida em contraluz   No início de uma noite clara O teu corpo é o meu abrigo onde nada existe e de nada se desiste   No início de uma noite clara O teu corpo é uma infinita vontade Onde me perco Onde te ganho
Nada me inspira Por estes dias de vento Por este mar revolto           Quem em mim habita São noites vazias           Escuras, Frias Nada me inspira No silêncio do medo Nesta casa que sou eu           Por vezes finita São dias cinza           Os que tenho São horas melancólicas           As que durmo Nestes dias Nada me inspira           E tudo me atrofia As palavras Os tapetes em rodilha Nestes dias O que me inspira           É o vazio O eco de olhar frio que chega e tudo aspira. in Nocturnos
Pensas que sou forte. Não sou, Por dentro estilhaços Por fora cimento armado Pensas que sou forte. Gostava de ser, Para aceitar ausência Para esperar nascença De um caminho interrompido De uma casa destruída Pensas que sou forte. Mostro calma, pela revolta pela derrota Pensas que sou forte. Deixei de ser, porque chegaste porque tomaste A rua que caminhava A alma que ganhava Hoje, sou fraco. No teu silêncio, no abraço que negas no olhar que relevas Hoje, sou fraco. À distância, da palavra surda da frase aguda in Nocturnos
Não entendo o que fazes não entendo porque não travas não entendo porque não pensas não entendo porque não gostas de estar comigo,                         connosco. Não entendo tantas coisas. E, isso, para mim é terrível. Não tenho medo, ou talvez tenha. E isso, também, não entendo. in Nocturnos
Acorda! Hoje, se possível... Ontem? dormiste e a vida passou. in Nocturnos