encontro de palavras

Hora da nossa morte e vida, numa longa hora Hora que procuramos boa Hora de paz Hora que não mantemos Hora de conflito Hora que não queremos Hora de vazio Hora de fim do principio de nada Hora do principio do fim de tudo Hora a hora Hora de fundo Hora desejada Hora de fim Hora sem ti Sem hora…

Enlouqueço com tanta velocidade à minha volta!! PAREM... Deixem de me ataviar as horas. Deixem de me enredar na corrida das vossas palavras. Atropelar a serenidade é a vossa vontade. Não se mexam... Deixem chegar a passagem do tempo Devagar, suavemente... Deixem atracar a contemplação, de um dia que finda. Não suporto a loucura que transportam...

10h da manhã. Domingo. A primeira prova oficial que participo. 10 km. Tenho treinado durante a semana, com o Hélder Pires. Aos fins de semana, 10 km, em menos de uma hora. Mas estes quilómetros que vejo no percurso de Belém parecem 100 km. Onde é que me meti. Foi todo o pensamento que antecedeu a corrida. Saímos. Magotes de gente. Gente que corre muito e pouco, que andam, que dançam, que conversam e riem. Que estão felizes, ou fazem por estar. Famílias, amigos, conhecidos e desconhecidos. Indiferentes e diferentes. Todos a olhar uns para os outros. Medem a capacidade dos outros com a que detêm.O estilo que não se tem, com o gozo do estilo que não existe em ninguém. Eu e o caminho. Estou só. Penso em como fazer para chegar ao fim, senão mesmo ao principio de tudo. Penso em mim. Penso nos filhos. Penso na família e nos amigos. Penso no que tenho e não dou importância. Penso no que choro pelos contras que tenho, ou penso ter, para continuar. Penso em Deus, penso em mim. Chego ao fim.

a morte chegava com o nascer do dia... fria como a distância que sempre percorria. nada se podia perder nada existia a morte largava com o romper da noite... quente como o olhar de fogo.

Corre dentro de ti um mar que é só teu, desagua nos teus abraços a ternura de ser irreverente. um salto para o mundo de alegria que enche o céu, um olhar que transporta o sonho maior. nunca haver tristeza. salta, dizes para todos, salta, não é para ficar aí. e se pudesse, o mundo saltava. só para te acompanhar, só para pular. Corre o mundo para te apanhar, e tu voas de tanta certeza. nunca haver tristeza

No silêncio... Uma madeixa e o passar de vida pelos dedos. eco de um olhar. começámos assim.

Chega um tempo, que não queremos saber se existe e nos devora, á sua chegada. Chega um tempo, que nos fugiu desde o primeiro dia, que sabíamos ser só nosso. Chega um tempo, que não temos resposta nem palavra, só vazio. Chega um tempo, que é só meu e teu. Vive na nossa confissão, na nossa deambulação. Chega um tempo, que não nos pertence. Instala-se na certeza de não existir mais nada para além de nós.

Hoje acordei na noite Sabia da tua presença Sabia da tua ausência, odor da despedida. Sinto que estás só. Hoje adormeci no dia que não te vi chegar. Trazes solidão na manhã e desespero no despir Enches a cama vazia de sonhos. Hoje sonhei na madrugada do teu olhar

Saio deste caminho que percorro Sem nada na alma, vazio Perco-me nas horas perdidas

Venho no caminho que deixaram percorrer... Uma pedra foi minha bússola e uma nuvem a referência. Tive sede e fome, mas não parei. É importante seguir, seguir em frente. Sempre. Assusta-me a noite e anseio pelo nascer do dia. Dormi e sonhei com o futuro. Na berma aguardo pela brisa que nos leva o passado...

Hoje não saí. Cheio de vazio, adormeci. Acorrento-me ao vento para ficar, só.

Rasto invisível no céu escuro de tristeza. nem um ponto de começo, nem uma letra que fortaleça. O infinito começa em mim. Uma lágrima de enorme peso, cai do meu olhar sem fim.

Quando nos queremos perder é quando nos encontramos...

Um tempo, só nosso. Aquele fim de tarde, estivemos tão próximos. Foi bom sentir o toque do teu corpo. Aquele fim de tarde, sentimos que nada acontecia. Falámos de ti, de mim, não de nós. Sabíamos que não podia ser assim. Nós? Estávamos ali... naquele fim de tarde, em que nada acontecia. Só o teu cheiro, só o meu olhar, no silêncio que viviamos aquele inicio de dia.

O som de um pensamento é agradável quando, no silêncio em que ficamos, conseguimos ouvir o nosso coração. Por vezes queremos atingir a loucura do grito que não se solta. Por vezes queremos calar o som dos gestos que fazemos. O som de um pensamento faz sentir o frio no rosto, o vento nos braços, quando partimos em espiral. Na direcção de nada e na certeza de nos encontrarmos no fim do abismo. O som de um pensamento é mudo. Porque é no calar de um olhar, que sabemos o que somos.

sigo o teu caminhar, na certeza de que vou na direcção da lua. vejo o teu olhar, confiante de que chego ao meu interior. guardas o meu sorriso desde o primeiro dia guardo o perfume da tua partida espero por ti desde então espero por mim quando me levaste na tua mão.

agricultor de ideias semeio palavras em campos brancos. e aguardo, ansioso. pelos maus tempos pelos ventos de bonança. espero colheita de palavras. palavras que encham os campos de muitas cores palavras que façam lágrimas nascer do céu palavras que nos confortem na solidão. sou um agricultor de letras