Dei-te um tiro, depois de teres dito que
não querias mais nada comigo.
A seguir? Recostei-me.
E foi um vazio.
Nada mais tinha do que uma profunda
distância.
Uma ausência de mim.
Sim, de mim. Pois não sabia mais pelo que
lutar.
Quando não me querias, a ilusão existia ao
lado. E a desilusão a minha linha infinita.
Dei-te um tiro, depois de teres dito para
ir embora.
Como podia fazer sem te levar?
Tinhas de vir também.
No meu querer, no meu desejo.
Por isso dei-te um tiro e recostei-me...
Fumei um cigarro.
Foi um tiro bem dado
Precisava tanto de um cigarro...
in Pensamentos, de
Rui E. Horta
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